Reflexões Sobre a Formação de Professores

SAVIANI, Demerval. Formação de professores: aspectos históricos e teóricos do problema no contexto brasileiro. Universidade Estadual de Campinas: Revista Brasileira de Educação, v. 14, n° 40, Jan./Abr. 2009.


RESUMO DO ARTIGO

Por:

Jorge Schemes


O artigo de SAVIANI (2009) sob o título: “Formação de professores: aspectos históricos e teóricos do problema no contexto brasileiro”, faz uma abordagem histórica do processo de formação de docentes no Brasil desde o século XIX, incluindo observações desse processo já no século XI. Interessante notar que além da escrita de si mesmo nesse processo formal de formação docente, o artigo apresenta em cada período histórico uma abordagem pedagógica, didática, metodológica e teórica diferente, o que nos leva a deduzir que a formação de professores se dá de acordo com os diferentes tempos históricos nos quais a educação formal estava sendo inserida no Brasil. Logicamente, dentro desses diferentes contextos, o artigo apresenta dois modelos contrapostos de formação de professores, ou seja, segundo SAVIANI (2009): “o modelo dos conteúdos culturais-cognitivos, o qual se esgota no domínio de conteúdos específicos e o modelo pedagógico-didático, o qual se efetiva com o preparo pedagógico e didático do professor”. São esses dois modelos que nortearão a formação docente nas Instituições de Ensino Brasileiras de forma explícita desde após a independência do país.

O artigo analisa o surgimento de propostas para a formação docente de maneira intencional desde Comenius, passando necessariamente pelo surgimento das escolas normais superiores em países como França, Itália, Alemanha, Inglaterra e Estados unidos da América. No Brasil esse processo se deu em diferentes períodos, SAVIANI (2009) menciona pelo menos seis fases desde 1827 até 2006, iniciando com as Escolas de Primeiras Letras e passando pelos seguintes períodos: Escolas Normais; Institutos de Educação; Cursos de Pedagogia e de Licenciatura; Habilitação Específica do Magistério; Institutos Superiores de Educação; Escolas Normais Superiores e Cursos de Pedagogia.

No período das Escolas de Primeiras Letras, ou Ensaios intermitentes de Formação de professores, SAVIANI (2009) destaca que “desde o período colonial até 1827 não havia preocupação explícita com a formação de professores”. Foi com a Lei das Escolas de primeiras Letras em 15 de Outubro de 1827 que surgiu o propósito de se preocupar com a formação docente. No período das Escolas Normais como padrão, houve a preocupação de preparar professores com cabedal científico com um programa de estudos e de prática pedagógica pré definidos. No período dos Institutos de Educação houve preocupação com a pesquisa e uma formação curricular que envolvia várias disciplinas, além do ensino. O que deu a esse período uma característica de formação docente mais didática e pedagógica. No período dos Cursos de Pedagogia e de Licenciatura, o currículo foi centrado nos conteúdos culturais e cognitivos e o aspecto didático e pedagógico ainda não se tornou um modelo na formação docente, mas foi incorporado nos conteúdos culturais. No período da Habilitação Específica do Magistério, o regime militar substituiu as escolas normais pela habilitação de 2° Grau ou habilitação específica para o magistério, sendo que a própria Pedagogia foi expandida para além da formação de docentes, incluindo a formação também dos especialistas. No período dos Institutos Superiores de Educação, Escolas Normais Superiores e Cursos de Pedagogia, o princípio predominante na formação dos professores ainda era aprender fazendo. Nesse período houve a criação de Escolas Normais de nível médio para a formação de professores primários enquanto o nível superior formava professores para o nível secundário. Foi nesse contexto histórico que dois modelos de formação se destacaram: o modelo dos conteúdos culturais-cognitivos, o qual se esgota no domínio de conteúdos específicos e predominou nas Universidades e instituições de Ensino Superior, e o modelo pedagógico-didático, o qual se efetiva com o preparo pedagógico e didático do professor e predominou na formação docente das escolas normais para professores primários.

SAVIANI (2009) ainda destaca as possibilidades e riscos da formação de professores para a educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental em nível superior. O autor alega que o que predomina ainda no Brasil é uma dualidade artificial entre bacharelado e licenciatura, e que consagrou-se um modelo de formação de novos docentes que atribui às faculdades específicas a tarefa de ensinar os conteúdos específicos de cada área do conhecimento, enquanto o preparo pedagógico e didático fica sob a responsabilidade das Faculdades de Educação. Diante do exposto surgem os dilemas da formação docente, dentre os quais destaca-se a situação embaraçosa entre os dois modelos de formação, ou seja, o modelo centrado nos conteúdos culturais e cognitivos e o modelo regido pelo aspecto pedagógico e didático. O dilema se traduz na seguinte pergunta: “Como integrar e articular esses dois modelos adequadamente na formação de professores”? Em seguida o autor apresenta possível alternativa de superação do dilema, ou seja, a utilização de livros didáticos e a organização de grupos de pesquisa e ensino nas diferentes disciplinas dos currículos escolares, objetivando novos projetos de ensino pelos docentes para configurar as novas licenciaturas. O autor faz menção à Educação Especial, no que diz respeito à formação de professores, a qual ainda está em aberto e carece de um projeto específico de formação docente, sendo apenas referida no curso de pedagogia.

Para SAVIANI (2009) a formação de professores deve ser realizada no contexto das suas condições de atividade profissional, salário, jornada de trabalho e qualidade na educação, incluindo nesse aspecto não apenas o preparo acadêmico mas a infraestrutura das escolas. É imperativo uma política pública nacional que vise promover a educação como uma alavanca de desenvolvimento cultural, social e econômico.

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Penso que o artigo faz uma crítica histórica e cultural ao processo de formação docente no Brasil, revelando avanços e retrocessos. Entendi que o autor está expondo basicamente um problema predominante na formação de professores no Brasil, ou seja, o problema que envolve o dilema entre sua formação conteudista, cultural e cognitiva e sua formação pedagógica e didática. Basicamente equivale a dizer que nos diferentes períodos históricos da educação no Brasil a formação dos professores sempre deixou a desejar, e atualmente isso não é diferente. A proposta de superação é uma articulação entre conteúdo e forma no processo de formação docente, isso sem falar na Educação Especial que nem sequer tem uma proposta de formação específica. Destaco também a crítica feita pelo autor no que diz respeito a teoria e prática no processo de formação docente e a necessidade urgente de superação por meio de pesquisa, ensino e projeto de ensino por parte dos docentes. Enquanto a educação não for vista pelo povo brasileiro como um bem social; Enquanto a educação não for utilizada como uma alavanca para o desenvolvimento pessoal, cultural, social e econômico; Enquanto os Governos não fizerem da educação um projeto nacional por meio de políticas públicas consistentes que envolvam não apenas a formação docente, mas também a valorização profissional e a qualidade na educação, a contradição entre os discursos eloquentes sobre educação e a prática que nega tais discursos, o desafio de superação permanecerá. Sendo assim, diante do exposto, se tivéssemos que definir a situação da educação no Brasil atualmente em duas palavras elas seriam: Contradição e Desvalorização. Infelizmente. Gostei de ler e refletir sobre o artigo, acredito que a formação docente primeiramente se inicia pela escrita de si, ou seja, como professores trazemos uma bagagem que adquirimos desde o nosso primeiro contato com o mundo, com a educação não formal dada pelos nossos pais e familiares e depois pela educação formal por meio da escola como instituição de ensino. Desde o nosso primeiro contato com a escola iniciamos um processo de formação docente, ainda que inconsciente e não intencional, e hoje somos o que somos como resultado de nossas experiências, positivas e negativas, e do nosso processo de formação continuada por meio das Instituições de Ensino nas quais passamos. Isso nos diz que há um aspecto subjetivo na formação docente, o qual não foi abordado no artigo e faria bem em considerarmos e refletirmos. Lembrando que o processo de reflexão é permitir ao pensamento dar voltas sobre si mesmo e questionar até o óbvio.

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