Por: Jorge Schemes
O texto do CENPEC sobre a Prova Brasil na Escola revela de maneira sucinta e objetiva os interesses do MEC diante da aplicação deste instrumento de avaliação para medir e também quantificar a qualidade da educação no Brasil. Funciona mais como uma avaliação diagnóstica para detectar os péssimos desempenhos nos índices educacionais, visando a busca da melhoria da qualidade na educação nacional. Como instrumento de avaliação, a Prova Brasil é imprescindível para detectar as deficiências e promover políticas públicas afirmativas para melhorar os índices. Ao revelar os piores e os melhores rankings entre as escolas, essa revelação reforça a necessidade de mais debate sobre o assunto e gera a reflexão necessária para possíveis mudanças e melhorias. As reações diante dos resultados vão desde reclamações e revoltas, até atitudes de reflexão e a elaboração de estratégias para melhorar a qualidade da educação. Como o próprio texto apresenta:
A análise dos resultados obtidos pela escola, portanto, gera para o conjunto de seus educadores questões fundamentais: o que os alunos aprenderam e o que ainda não foi apropriado? Por que os alunos não aprenderam? Onde está o problema: nos alunos, no professor, na escola, nas metas de aprendizagem da proposta escolar e/ou nas políticas educacionais adotadas? Que novas ações precisam ser empreendidas pela equipe escolar e pelos professores de cada turma? O que está funcionando e deve ser mantido? E assim por diante. (CENPEC, p. 12)
Sendo assim, os resultados obtidos pela Proa Brasil podem servir de subsídios para que a escola se organize pedagogicamente para melhorar o seu processo de ensino e aprendizagem. O debate gerado diante dos indicadores deve levar a escola à criação de um plano de ações que promovam um ensino mais eficaz.
O documento recomenda ainda que a escola se prepare para a Prova Brasil em dois tempos: um tempo antes da aplicação da Prova Brasil e outro tempo após a publicação dos resultados. Antes da prova a escola pode tirar proveito das reuniões pedagógicas e paradas pedagógicas para discutir temas como: relação entre aprendizagem a avaliação, PCNS de Língua Portuguesa e Matemática e assuntos relacionados a própria Prova Brasil. Após a publicação dos resultados a escola pode promover uma análise coletiva dos indicadores para elaboração de um plano de intervenção por meio de ações que reformulem o PPP da instituição. Assim, a Prova Brasil pode promover atitudes de auto avaliação institucional e pedagógica, análise e reflexão, debate, ações afirmativas que promovam a qualidade do ensino, monitoramento contínuo da aprendizagem e interesse pelas dificuldades dos alunos dentro do seu contexto biopsicossocial.
Diante da solicitação da professora Mariana como segue: “Gostaria, por favor, que oferecesse a todos nós professores um INTENSIVO com base em MODELOS de questões da prova Brasil para que pudéssemos melhor preparar nossos alunos e alunas para quando chegar tal avaliação, de forma que com essa ‘preparação’, possamos aumentar os resultados obtidos nessa tal avaliação que o MEC exige que participemos.” Como coordenador pedagógico eu proporia um cronograma de aulas de leitura para toda escola, bem como aulas de reforço de matemática no contra turno. A aplicação de provas modelos ou simuladas também é válida, mas não é questão central, uma vez que o objetivo é melhorar a qualidade de ensino e não meramente melhorar os índices de resultados obtidos por meio da Prova Brasil.
Concordo com a Prova Brasil enquanto instrumento fundamental para gerar o debate, levar a reflexão e ao estabelecimento de um plano de ações de intervenção na escola visando melhorar a qualidade da educação ofertada ali. Contudo, a Prova Brasil não pode ser vista como um fim em si mesma, mas como um meio de melhorar a educação no Brasil. Outra questão que penso pertinente, diz respeito a visão cartesiana da Prova Brasil, ou seja, considerando que há múltiplas inteligências, e considerando que a Prova Brasil contempla apenas duas das sete inteligências (segundo a teoria das Inteligências Múltiplas de Howard Gardner), a Prova Brasil é um instrumento limitado para medir a real potencialidade do capital humano da nação. Todavia, trata-se de um instrumento inicial, um começo, que precisa ser melhorado e aperfeiçoado diante dos novos paradigmas da educação do século XXI, dentro da concepção de um currículo pós-crítico.
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