Por: Jorge Schemes
O trabalho docente é desafiador e exige cada vez mais uma atitude pró-ativa e inovadora. Não é tão simples assim sair da mesmice pedagógica, aquela que acaba transformando a própria pedagogia enquanto prática, em dogma. Penso ser mais fácil se deixar guiar "pelo mesmo" e resistir ao novo, contudo, se desejamos, de fato, uma educação libertadora e crítica precisamos ousar. E ousar é correr riscos, aliás, precisamos estar cientes que toda educação apresenta uma possibilidade de fracasso. Na perspectiva do docente isso não é avaliado como deveria, por exemplo, no conceslho de classe, a culpa é quase sempre do aluno. Contudo, ser professor, penso, é a maior oportunidade que temos para criar e recriar a realidade. Contudo, como educadores, precisamos nos fazer como intelectuais, construir uma auto-imagem positiva a esse respeito e demonstrar essa imagem, ou seja, precisamos ser referência quando o assunto é educação.
Esta semana, em minha prática de sala de aula, aprendi mais sobre a necessidade de compreender a natureza humana em sua totalidade e diversidade. Aprendi com meus erros e também com meus acertos, penso que os tenho de vez em quando. Todavia, aprendi mais ainda com meus alunos do curso de pedagogia e do ensino médio. Quanto a estes, por serem adolescentes, aprendi que é necessário utilizar todos os fundamentos possíveis da inteligência emocional para motivá-los. Meus alunos do ensino médio são humanos, têm o humano no ser, e por essa razão são um enigma, um mistério que de vez em quando se permite vislumbrar. As aulas foram muito produtivas, isso do meu ponto de vista, mas ainda irei conversar com eles para verificar a perspectiva deles em relação a isso. Entretanto, pude perceber um amadurecimento nos debates filosóficos de sala de aula. Eles têm idéias fantásticas e argumentos plenamente válidos para uma reflexão filosófica norteada pela atitude crítica. Isso alimenta os meus sonhos de educador, dentre os quais aquele em que vejo a educação como a grande ferramenta de transformação social, política, ética e moral da sociedade. Nas discusões realizadas em sala de aula, partindo de questionamentos filosóficos sobre o direito a vida, a questão do aborto e a questão da liberdade, os alunos destruíram conceitos prontos e acabados, os reconstruíram e perceberam que o conhecimento não está fechado em dogmas.
O pensamento foi estimulado a libertar idéias aprissionadas e mover em espiral conceitos aparentemente óbvios. também percebi a angústia de alguns ao descobrirem que suas verdades não eram tão invioláveis quanto pensavam. Afinal, penso, esse é o objetivo da filosofia, mover pensamentos e pensar o já pensado como um processo de reflexão contínua. Ou seja, o pensamento dando voltas sobre si mesmo e pensando sobre si mesmo. Quanto aos meus alunos da faculdade de pedagogia, também tenho que admitir o envolvimento da maioria no processo de busca, construção e reconstrução do conhecimento. Particularmente, penso, que "formar" futuros educadores é um grande privilégio e um grande desafio. Talvez a palavra formar não seja mais adequada, diante da era do conhecimento e da informação, penso, que, talvez, o mais adequado seja pensar no processo de construção do conhecimento dentro de uma perspectiva de construção individualizada ou autobiográfica. O autogerenciamento de suas competências e a autonomia intelectual são critérios fundamentais para pensar nesta perspectiva. Penso que um dos grandes desafios da educação do século XXI é mudar o paradigma de um educação impositiva para uma educação libertadora, crítica e que promova a autonomia ética, moral e intelectual de nossos alunos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário